Mesmo que pareça que não tem mais jeito…

Recentemente assisti a série 13 Reasons Why (Os Treze Porquês) e me senti no dever de compartilhar um pouco da minha história, porque sei que assim como a Hannah e eu, muita gente passa por situações difíceis e é comum pensar que tais situações nunca vão passar. Por isso, escrevi esse texto:

Tudo Passa

Algumas fases da vida podem ser muito duras e pesadas demais pra suportar. E até parece que quanto mais ruins as coisas estão, mais tendem à piorar, e o coração nem se cura da primeira ferida e surge outra ainda mais dolorida.
Quando estamos submersos em um mar de lágrimas, fica difícil enxergar direito. Mas acredite: tudo passa.

O ano de 2014 foi muito difícil pra mim. Era o meu último ano de faculdade e tudo o que poderia dar errado, deu.

Tudo começou com um problema que abalou a minha família. Mas mesmo com todos aqueles sentimentos, bola pra frente. Eu estava escrevendo o meu TCC e me sentia extremamente estressada com prazos à cumprir, satisfações pra dar e ao mesmo tempo, o ritmo escolar de assistir aulas, fazer trabalhos e projetos, estagiar, trabalhar, dormir pouco, comer mal e estudar muito. Era essa a minha rotina: acordar cedo, ir pro estágio, estudar, fazer trabalhos, corrigir lições, preparar aulas e relatórios, escrever TCC, estudar mais um pouco, comer qualquer coisa, estudar mais, trabalhar e repetir. Era isso o que eu fazia, acompanhada do medo de falhar em qualquer uma dessas etapas e perder minha bolsa de estudos.

Com o estresse, vieram outros problemas. Minha falta de paciência tornava a convivência familiar insustentável e além da minha família, isso começou a afetar também o meu namoro.
O único dia que tinha pra ficar com o Will era o domingo, porque aos sábados eu trabalhava – não tinha “passe-livre” na época que eu fazia faculdade e era desse trabalho que eu pagava as despesas de transporte – mas o que esperar que uma pessoa com uma rotina dessas faça aos domingos? Ao me encontrar com o Will, eu deitava no colo dele pra dormir. A gente já não saia direito, não conversava direito e nem mesmo nos sobrava atos de carinho.

Mas quando está ruim, tende a piorar.

Tivemos um segundo problema familiar e desta vez, a ferida foi grande e profunda. Fiquei devastada, e minha mãe pior

E como o corpo fala, começaram os sinais.

De início era um torcicolo que não passava, junto com dor nos ombros. Mas como era último ano, acreditava que era o peso de carregar meu netbook pra cima e pra baixo.
O segundo sintoma foi a dor no músculo mastigador. Às vezes acordava com tanta dor na mandíbula que mal conseguia abrir a boca pra escovar os dentes.
Depois veio a insônia durante a noite e o sono durante o dia.
Aí vieram o coração acelerado e as pernas fracas.
E por último as crises de choro. Eu chorava em público, de repente. Não conseguia controlar. Por muitas vezes eu estava sentada no trem e do nada chorava. Foi horrível.

Foi aí que percebi que precisava de ajuda. Mas quem poderia me ajudar? Minha amiga já estava cansada de enxugar minhas lágrimas, minha mãe precisava de mim e eu tinha que ser forte pra ajudar ela, o Will tentava como podia, mas ainda não era suficiente. E por mais que eu tentasse ignorar a minha própria dor, ela não passava. Então, ao invés de fingir que ela não existia, decidi curá-la de uma vez por todas.

E comecei a fazer terapia. Sim, terapia.

Era difícil até pra mim mesma admitir que estava nesta situação, porque temos um certo preconceito contra isso e eu, que aprendi ser lógica durante toda a graduação, achava que cura por conversa era bobagem. E, na verdade, só iniciei o tratamento por insistência da minha amiga (obrigada amiga por isso e por todo o resto).
Mas pra minha surpresa, cada encontro com a minha psicóloga me ensinava a entender e controlar as minhas emoções, e fui aos poucos me tornando mais forte.

Devagarinho, a convivência com a minha família melhorou, assim como o meu namoro. Apresentei o meu TCC, me formei e mais do que as lições da faculdade, aprendi lições que levo pra toda a vida.

Aprendi que não posso tentar resolver todos os problemas do mundo, que tudo bem não ser perfeita, que chorar às vezes acalma a alma, e que o primeiro passo pra mudar o mundo é se amar em primeiro lugar. Porque o ponto não é ter a “sorte” de ter uma vida perfeita, mas é a sua escolha de fazer das dificuldades que passam pela sua vida, lições. Assim, depois de superá-las – e vc vai – se tornar mais forte e confiante de que vc é capaz.

Não importa a situação difícil que vc esteja passando, se é um problema familiar, bullying, preconceito ou qualquer outra coisa, isso vai passar! É só não se deixar levar pelos rótulos que as pessoas te dão, pelo contrário, vc é quem vc acredita ser, pois afinal de contas ninguém sabe pelo que vc passou, nem conhece o seu coração! Ninguém te conhece como vc mesmo!

E aceite que existem problemas que estão acima do seu controle, e que vc não tem o dever de consertar tudo o que há de errado ou injusto no mundo. O mundo tem muitos problemas e se esforçar pra resolver os seus próprios problemas já é o suficiente.

E lembre-se:

Não espere ser amado por outra pessoa. Ame-se primeiro! E, por mais tempo que leve, TUDO passa.

Espero que este texto tenha acendido uma luzinha dentro de vc.

Quer compartilhar a sua história também? É só deixar nos comentários que vou ler com muito carinho!

Beijão!!!

:)

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